sábado, 23 de julho de 2011

Ícone de sua geração, Amy frustra expectativas com sua morte



ADEUS Imagens do show de Amy Winehouse no Recife Amy Winehouse caiu naquele seleto - e triste - grupo dos artistas ícones de sua geração que morrem aos 27 anos. A cantora foi encontrada morta em seu apartamento, em Camdem Town, em Londres, neste sábado (23). Desde que começou a aparecer nos tablóides mais por suas peripécias envolvendo drogas e alcóol que o mundo preconiza a notícia de hoje. Em 2007, auge dos escândalos, a cantora afirmou que não duraria um ano. O tempo passou e a garota que se recusava a ir para a reabilitação, como dizia seu maior hit, "Rehab", conseguiu se manter na mídia e reunir uma legião de fãs com apenas dois discos.
Foi Black To Black que fez Amy famosa. Quando lançou o álbum em 2006, a cantora já tinha passado por uma transformação que a deixou do jeito que a conhecemos: de garota judia gordinha para uma moça com tatuagens por todo o corpo, incrivelmente magra, cabelo armado. Sua música evocava os anos loucos, do blues, do R&B mais primal, Aretha Franklin e Etta James, mas com um apelo pop que conquistou as paradas. O disco fez dela uma peça incomum no universo de cantoras do seu tempo. Longe de fazer o tipo casta, garota certinha, nem tampouco aquela rebeldia de boutique, Amy evocava autenticidade.

Suas histórias pessoais começaram a servir de mote para promover sua música. É evidente que a indústria musical, e sobretudo sua gravadora se utilizavam dos problemas da estrela para vender mais discos e fechar mais shows. Foram descobrir que essa superexposição era prejudicial à carreira tarde demais. Os tablóides também passaram a tê-la entre os assuntos preferidos, e, passados dois anos desde o lançamento do segundo disco, a cantora passou a ser um motivo de piada mais do que uma reconhecida cantora. O lado de Amy que todos gostavam de saber, mas poucos se importavam de fato a fizeram passar por outra transformação.
23:15:20

morte

Ícone de sua geração, Amy frustra expectativas com sua morte

Publicado em 23.07.2011, às 14h46

Paulo Floro Do NE10
Fotos: Felipe Souto Maior/especial para o NE10
http://www2.uol.com.br/JC/HTML_PORTAL/cotidiano/imagens/amy_G2.jpg
ADEUS Imagens do show de Amy Winehouse no Recife
Amy Winehouse caiu naquele seleto - e triste - grupo dos artistas ícones de sua geração que morrem aos 27 anos. A cantora foi encontrada morta em seu apartamento, em Camdem Town, em Londres, neste sábado (23). Desde que começou a aparecer nos tablóides mais por suas peripécias envolvendo drogas e alcóol que o mundo preconiza a notícia de hoje. Em 2007, auge dos escândalos, a cantora afirmou que não duraria um ano. O tempo passou e a garota que se recusava a ir para a reabilitação, como dizia seu maior hit, "Rehab", conseguiu se manter na mídia e reunir uma legião de fãs com apenas dois discos.
Foi Black To Black que fez Amy famosa. Quando lançou o álbum em 2006, a cantora já tinha passado por uma transformação que a deixou do jeito que a conhecemos: de garota judia gordinha para uma moça com tatuagens por todo o corpo, incrivelmente magra, cabelo armado. Sua música evocava os anos loucos, do blues, do R&B mais primal, Aretha Franklin e Etta James, mas com um apelo pop que conquistou as paradas. O disco fez dela uma peça incomum no universo de cantoras do seu tempo. Longe de fazer o tipo casta, garota certinha, nem tampouco aquela rebeldia de boutique, Amy evocava autenticidade.

Suas histórias pessoais começaram a servir de mote para promover sua música. É evidente que a indústria musical, e sobretudo sua gravadora se utilizavam dos problemas da estrela para vender mais discos e fechar mais shows. Foram descobrir que essa superexposição era prejudicial à carreira tarde demais. Os tablóides também passaram a tê-la entre os assuntos preferidos, e, passados dois anos desde o lançamento do segundo disco, a cantora passou a ser um motivo de piada mais do que uma reconhecida cantora. O lado de Amy que todos gostavam de saber, mas poucos se importavam de fato a fizeram passar por outra transformação.
http://www2.uol.com.br/JC/HTML_PORTAL/cotidiano/imagens/amy_G4.jpg

Uma reportagem da Rolling Stone americana foi até a casa de Amy em Londres e descobriu uma garota de 25 anos solitária, rodeada de usuários de drogas aproveitadores e com uma aparência nada saudável. Confessa de seus vícios, ainda era um prato feito para imprensa sensacionalista em relação a seus casos amorosos. Logo após o lançamento de Black To Black, a cantora passou momentos conturbados com o namorado, inclusive afirmando ter feito pacto de sangue para que os dois morressem juntos. O comportamento autodestrutivo e as bebedeiras a prejudicaram musicalmente. Mark Ronson, responsável pela produção de seu segundo disco não conseguia um entendimento com ela e chegou a brigar várias vezes na produção do terceiro disco que nunca saiu.

Amy até tentou um tratamento no final do ano passado, mas nunca foi explorado o que de fato aconteceu com ela enquanto esteve internada. Durante sua passagem pelo Brasil, com shows medianos em comparação ao início de carreira, o que se via era uma cantora que se esforçava para parecer sadia, vívida, ainda que fosse apenas uma sombra do que esperávamos dela. No início do mês passado, quando estava em turnê pelo Leste Europeu, protagonizou outro episódio desastrososo em um show na Sérvia. Apenas murmurando as letras, visivelmente bêbada, cantou músicas fora do tom e abandonou o palco. Dentre desses relatos, fãs sentiram-se sortudos com as apresentações por aqui, com apenas um tombinho.

A notícia que pegou todos de surpresa nesta tarde de sábado no Brasil a coloca naquele grupo dos que morreram aos 27 - Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Jim Morrisson, Janis Joplin, mas é um lugar-comum cruel dizer que sua morte foi anunciada. Muitos outros artistas com problemas com drogas conseguiram superar os problemas e seguir com a carreira. Courtney Love, mulher de Cobain e líder do Hole esteve internada diversas vezes por seu vício em heroína e cocaína. Mesmo sem fazer sucesso hoje em dia, ela conseguiu um papel de destaque no filme Todos Contra Larry Flyn e foi elogiada por sua atuação. Sem falar de Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, que segue contando histórias e excursionando com sua banda. E o que dizer de Iggy Pop? A lista é longa e vai de David Bowie aos integrantes do Red Hot Chili Peppers.

Os julgamentos sobre a cantora virão com facilidade após sua morte. Muitos dirão que ela precisava dar um tempo na carreira para se cuidar. Mas, quando foi que a carreira dela não esteve parada desde 2006? Outros dirão que ela não tinha apoio da família, mas não conheceram o pai dela, Mitchell um dedicado taxista londrino que a acompanha desde que ainda era uma artista desconhecida e a tentou internar diversas vezes. Ou, claro, demonizarão a imprensa, que a perseguia e explorava sua imagem decadente. Ao menos a música em seus dois únicos álbuns seguirão sem questionamentos.

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